quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Jornaleiro: uma atividade em extinção

Sabe aquela banca de jornais próxima à sua casa? Assim como o principal negócio deixou de ser a venda de jornais, o dono tende a deixar de ser identificado como um jornaleiro. Hoje, ele é um varejista, proprietário de uma espécie de centro de conveniência, onde o produto menos importante é o jornal.
A mudança sutil de percepção sobre a função foi apontada por uma pesquisa comandada pela empresa ToolBoxTM, consultoria especializada em ponto de venda (PDV), que identificou o perfil de negócio das bancas de jornal no país.

“O que nós percebemos com essa pesquisa é que as bancas de jornal têm demanda para se tornar um canal de conveniência com inúmeras oportunidades de negócios. O gargalo está na mentalidade do empreendedor em inovar. Ele precisa deixar de ser apenas um jornaleiro para ser um varejista”, diz Luiz Sedeh, diretor de desenvolvimento da ToolBoxTM.

O levantamento, realizado em quatro amostragens (julho e novembro de 2009 e março e julho de 2010), nas principais capitais das cinco regiões, revela que grande parte dos estabelecimentos, principalmente os maiores, está se tornando também um canal de conveniência.

Foram pesquisados 3.352 estabelecimentos de um total de 16 mil bancas atendidas pela principal distribuidora do país, a Dinap. O estudo mostra que 68% das bancas visitadas comercializam gomas e confeitos e 52%, bebidas refrigeradas. Já o serviço de fotocópia está presente em 12% delas (dados de julho de 2010).

“As bancas maiores têm capacidade para colocar refrigeradores, máquinas de fotocópia e até geladeiras de sorvete. Isso agrega muito valor ao ponto de venda”, assinala Luiz Sedeh.
Entre os produtos considerados pela pesquisa estão publicações e artigos comercializados (revista/ jornal, cartão telefônico, livro, cigarro, goma e confeito, bebida refrigerada, chocolate e sorvete), a disponibilidade de serviço de fotocópia, o número de funcionários (pessoas que trabalham na banca, além do dono), o tempo de existência, a aceitação de cartão de crédito ou débito e o faturamento diário.

Tradicionais nas ruas das cidades, 36% das bancas de jornal compreendidas na pesquisa possuem até dez anos de existência e 22%, até 20 anos. Quanto ao número de colaboradores, 49% contam com até um funcionário, 34% com até dois funcionários e 15% possuem mais de dois funcionários; os outros 2% pesquisados não responderam (dados de julho de 2010).

Em relação ao faturamento (dados de julho de 2010), 45% não quiseram responder. Dos 55% restantes, 40% faturam até R$ 900, o que dá um faturamento anual de cerca de R$ 300 mil.

Profissionalização

A aceitação do cartão de crédito ou débito em bancas de jornais ainda é muito pequena em todo o país na comparação com outros canais de varejo. A exceção é a região Centro-Oeste, onde 57% das bancas entrevistadas utilizam o cartão. Já nas regiões Sul e Sudeste, os percentuais não chegam a 30%.

“Na nossa percepção, as bancas de jornal precisam se modernizar tanto na infra-estrutura – metais enferrujados, poluição visual dentro das bancas, falta de distribuição correta de produtos - quanto no relacionamento com o próprio cliente”, o diretor de desenvolvimento da ToolBoxTM.

Segundo ele, o varejista precisa levar em conta o consumidor e o “shoper” (aquele que paga). Um exemplo dessas duas figuras é a compra de figurinhas pelas crianças, mas quem paga é o pai. “Isso acontece muito na banca. A conveniência é exatamente para atender aos dois públicos”.

Sedeh sugere também que as bancas de jornal ocupem um espaço deixado de lado pelas farmácias. “Com a nova lei, as farmácias não podem vender mais nada além de remédios. Se a banca estiver próxima a uma farmácia, pode ocupar este espaço”.

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