Mas a terceira idade reserva adiante algumas oportunidades pouco exploradas ou desconhecidas em diferentes segmentos de negócios.
Carlos Plácido Teixeira
Colunista - Radar do Futuro - Diário do Comércio
A população brasileira com 60 anos ou mais anos de idade crescerá até 2022 a uma taxa superior a 4% ao ano. O segmento lidera o ranking das faixas etárias com maior expansão. O número de idosos saltou de 14,4 milhões em 2000 para 19,6 milhões em 2010. E deve alcançar 41,5 milhões em 2030 e 73,5 milhões em 2060. Nos próximos dez anos, haverá um incremento médio anual de mais de um milhão de brasileiros da terceira idade.
Todos esses dados fazem parte do estudo “Mudança Demográfica no Brasil no Início do Século XXI: Subsídios para as projeções da população do Brasil e das Unidades da Federação” divulgado na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números ampliam as bases de indicadores para a reflexão sobre as abordagens em relação às mudanças demográficas que impactam a sociedade hoje e nos próximos anos.
As informações disponíveis oferecem a chance de reverter um equívoco de quem pensa que a abordagem sobre o avanço na idade se restringe, inevitavelmente, a análise sobre decadência física e mental. Por hábito, há uma propensão natural em associar o tema do aumento da idade média da população com temas da saúde e aposentadoria. Problemas preocupantes, de fato. Mas a terceira idade reserva adiante algumas oportunidades pouco exploradas ou desconhecidas em diferentes segmentos de negócios.
No contexto de abordagem insuficiente, praticada atualmente, as palavras-chave são geriatria, hospital-dia, atividades para a “melhor idade”, novos remédios e aposentadoria. Pense no seu avô antigamente, esperando a morte chegar, e nos “velhinhos” de hoje que passeiam pelas cidades e trilhas de “bike” para entender a diferença. Mesmo que se fale em 2030 ou 2040, por exemplo, o importante é entender que as transformações não ocorrem de forma abrupta na estrutura da sociedade. Elas estão acontecendo hoje, aos poucos. Quando as pessoas percebem, a tendência está consolidada. E as oportunidades de negócios já estarão sendo atendidas por alguém.
Perfil - O quadro de envelhecimento populacional no Brasil tem a influência da redução da fecundidade e da mortalidade em todas as idades nas últimas décadas, fenômeno observado em todo o mundo. A população jovem, de 15 a 29 anos, apresenta diminuição contínua de sua participação na contagem dos habitantes, enquanto a população de idosos será o segmento que mais cresce no Brasil.
Entre as várias conclusões, o IBGE ressalta que, a partir de 2045, a taxa de mortalidade no País será maior que a taxa bruta de natalidade e a taxa de crescimento demográfico. Com o transcorrer do tempo, essas mudanças vão impactar na taxa de crescimento demográfico. Nos próximos 30 anos, a taxa bruta de mortalidade deve apresentar aumento e ficar maior do que a taxa de natalidade. A taxa de fecundidade passou de 2,4 filhos por mulher, em 2000, para 1,9 filho por mulher, em 2010. Deve seguir em queda, chegando a cerca de 1,5 filho por mulher, em 2030. A proporção de pessoas com menos de 15 anos de idade, que era de cerca de 30%, em 2000, chegará a 17,6%, em 2030.
A população jovem de 15 a 29 anos de idade apresenta uma diminuição contínua na sua participação, passando de 28,2%, em 2000, para 26,7%, em 2010, devendo alcançar 21%, em 2030. A população brasileira de 30 a 59 anos de idade registra crescimento, tanto na participação relativa quanto em valores absolutos, em todo o período de 2000 a 2030. Esses adultos, que correspondiam a 59,2 milhões de pessoas em 2000, representando 33,6% da população, devem alcançar 95,4 milhões em 2030, ou 42,7% da população.
A transição demográfica provoca mudanças no “bônus demográfico”, o conceito representado pelo período em que há uma alta proporção de pessoas em idade potencialmente ativa, em comparação com os grupos etários teoricamente dependentes (jovens com 14 ou menos e idosos com mais de 65 anos).
A maior proporção de pessoas em idade ativa, em tese, pelo menos, favoreceria o desenvolvimento econômico, já que o predomínio de pessoas que produzem mais do que consomem, em comparação com aquelas cujo consumo costuma ultrapassar a capacidade produtiva, propiciaria mais reservas e aumento dos recursos disponíveis.
Mais tendências
Consumo I - Em 2005 os idosos representavam 9,7% do consumo nacional. Em 2020, eles responderão por 15,4%, prevê um estudo da consultoria A.T. Kearney
Consumo II - Tendência que permanece, nos EUA, as pessoas com mais de 50 anos gastaram, em 2013, US$ 87 bilhões em carros, contra US$ 70 bilhões dos que têm menos de 50 anos.
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