Home office torna-se cada vez mais comum e modalidade permite ganho na qualidade de vida e produtividade dos empregados
Trabalhar em casa sem precisar se deslocar até a empresa para executar o trabalho, tendo mais flexibilidade e poder até mesmo fugir do trânsito é um sonho que não está longe da realidade dos trabalhadores. O que deixa evidente a mudança em curso no cenário de gestão é que muitas empresas estão aderindo aos regimes de trabalho remoto, como o home office, que possibilita ao funcionário desempenhar suas atividades em suas próprias casas ou em qualquer outro local, como se estivessem no escritório. Segundo dados da IDC, líder em inteligência de mercado, até o final de 2011, 58 milhões de pessoas no mundo fizeram parte de algum programa de home office de empresas que optaram também por usufruir dos benefícios da tecnologia e expandir os limites das relações de trabalho.
O designer e publicitário André Brik é exemplo positivo de quem deixou para trás o modelo convencional e adotou o trabalho em um home office. Ele conta que em 2003 estava insatisfeito trabalhando em uma agência de publicidade, pois achava que poderia contribuir com os clientes de uma forma mais dinâmica. “Além disso, perdia muito tempo e energia criativa me estressando no trânsito. Pedi demissão e abri minha própria agência, inicialmente em um home Office. Com o tempo, percebi que grande parte dos clientes não estavam preocupados com a estrutura física da empresa, mas com os resultados que estavam sendo entregues.
Fixei minha bandeira no home office e os freelances se tornaram contas. Três anos depois, minha esposa também migrou seu trabalho para casa e hoje compartilhamos esta qualidade de vida “, conta.
Além de aderirem ao trabalho remoto, André e sua esposa Marina Sell Brik, também escreveram o primeiro livro sobre o tema no Brasil: “As 100 dicas do home Office”. “É importante que as pessoas conheçam esta modalidade, que é uma tendência. Trabalhar desta forma é um exercício diário de organização, compromisso e disciplina. Mas em compensação, não acredito que haja outro formato de trabalho que garanta tanta qualidade de vida para um trabalhador”, diz ele.
Garantido por Lei
Com a tecnologia cada vez mais presente, o acesso ao trabalho facilitou muito; e com o aumento do trânsito nas grandes cidades, o deslocamento dos funcionários até o escritório é incongruente. O trabalho medido por produtividade toma o lugar do trabalho por cartão-ponto.
Isso já é bem comum em outros países e no Brasil é uma tendência que se confirma, principalmente em casos de call center, vendas e comércio. André Brik explica que a regra é: se o funcionário pode levar sua ferramenta de trabalho com ele, então esta é uma atividade que pode ser realizada em home office.
Edmar Gualberto, diretor da ABRH-PR e consultor de recursos humanos, explica que no trabalho remoto o funcionário não é terceirizado. Ele continua com a carteira assinada trabalhando de uma forma diferente, onde o importante é o cumprimento da tarefa dentro do prazo estipulado. “O problema é que não há controle das horas quando o serviço não é realizado na empresa e aí é que aparecem os processos trabalhistas. Com isso, as empresas ficam receosas em estabelecer este esquema de trabalho. Nem todas as atividades permitem esta modalidade e ainda há entraves legais que precisam ser vencidos”, explica Gualberto.
Nos Estados Unidos, por exemplo, onde o home office é prática comum desde os anos 80, existe uma série de incentivos fiscais para quem opta por trabalhar em casa, além de uma legislação específica para teletrabalhadores (Telework Enhancement Act de 2010). No Brasil, foi aprovada em dezembro do ano passado a Lei 12.551/11, que altera o artigo 6º. da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo aos trabalhadores remotos os mesmos direitos daqueles que exercem suas funções dentro da empresa.
Os dois lados da moeda
André Brik explica que dentre algumas vantagens para o funcionário está a melhoria na qualidade de vida, com menos estresse, menos trânsito, maior proximidade da família, mais motivação, e mais saúde, uma vez que consegue inclusive se alimentar melhor e se programar para fazer atividade física, por exemplo.
Ele cita o caso de uma empresa do setor de convênio de alimentação que implementou o sistema home office na área de vendas e conseguiu economizar 3,5 milhões em cinco anos.“A empresa também ganha, principalmente em retenção de talentos, uma vez que esta retenção ocorre pois a possibilidade de trabalhar home office é muitas vezes oferecida aos funcionários como uma das vantagens no pacote de benefícios. Além disso,o empregado está mais motivado e acaba produzindo mais, garante economia de espaço físico e colabora para a redução do absenteísmo.”
Entretanto, o designer adverte que trabalhar em casa traz muitos desafios. Para vencê-los, o funcionário deve ter compromisso com prazos e metas, organização de tempo e de espaço e muita disciplina. “Também é preciso saber escolher o ambiente adequado para estabelecer o home office, de forma que haja um isolamento físico entre o escritório e o cotidiano doméstico. Segundo André, muitos funcionários sentem-se isolados trabalhando em casa e outros acreditam que trabalhar à distância pode influenciar nas promoções e prejudicar sua carreira. “A falta de suporte técnico é um problema em algumas atividades, e aspectos de segurança e sigilo de informações em outras. A boa notícia é que a maioria destes problemas têm solução”, explica. Mais informações: www.gohome.com.br.
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