quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Carreiras do futuro serão mais flexíveis

Em evento realizado em São Paulo, especialistas reforçam a tese de que todas as profissões passam hoje por transfomações, exigindo novos perfis dos profissionais

Agência Estado

“Acredito que estamos na maior revolução do mercado de trabalho desde a economia a vapor. Todas as profissões estão passando por uma transformação.” A declaração é do professor nos cursos de pós-graduação, MBA e do Centro de Inovação e Criatividade da ESPM, Gil Giardelli. E foi feita durante o seminário “O futuro e carreiras multiconceito”, promovido pelo Estado e PUC na terça-feira, 8 de setembro, em São Paulo, com o objetivo de discutir mudanças nas carreiras tradicionais e na forma de vender trabalho em um mundo em constante evolução tecnológica.

O encontro reuniu, além de Giardelli, Elza Veloso, professora da FMU e Mackenzie, pós-doutoranda em administração, coordenadora executiva do Programa de Estudos em Gestão de Pessoas da FIA e pesquisadora da FEA-USP, e Eduardo Santos, coordenador científico do Instituto de Psicologia Cognitiva da Universidade de Coimbra, professor da Universidade do Estado de Nova York e da Universidade Santa Cecília, de Santos.

Para os participantes, as tradicionais formas de emprego e de carreiras hierarquizadas em organizações burocratizadas estão com os dias contados. De acordo com os professores, há necessidade de que o profissional tenha um perfil mais autônomo, seja polivalente e invista sempre no conhecimento.

Inovação

“Cada vez mais precisaremos de fazedores de ideias e da inovação”, reforça Giardelli. “A pessoa pode ser empregada, subordinada em termos contratuais, mas ela deve ter protagonismo da carreira, entender o contexto e os desafios (que a envolvem)”, afirma Santos.

Elza destaca que a pessoa precisa buscar aprendizado constante, se qualificar, olhar para as oportunidades, entender o significado de carreira para ela (e não pelo que a sociedade considera a respeito), considerar o seu o momento de vida e criar redes de relacionamento. “O profissional deve desenvolver competências que sejam aproveitadas em outros contextos, seja em empresas ou em trabalhos independentes.”

Santos vai na mesma linha. “As pessoas devem ter um portfólio comportamental para viver neste complexo mundo do trabalho. A robótica é essencial, todos os instrumentos tecnológicos são, mas não estamos sabendo aproveitá-los. Atrás de um robô tem sempre um homem pensando em como fazer as coisas. O ser humano ainda faz as empresas”, afirma ele, que defende as “carreiras quânticas”, que são multifuncionais, polivalentes e vão além daquelas carreiras calcadas em um desempenho burocratizado.

Segundo Giardelli, a evolução tecnológica serve para mostrar a importância da inovação na trajetória profissional. “O jovem muda as expectativas profissionais de acordo com o que surge tecnologicamente.”

O especialista ressalta que a tendência são carreiras movidas não por uma ligação constante com uma empresa, mas por projetos, para atender o profissional na era da experiência, dos valores.
Elza lembra que, numa visão contemporânea, entende-se que qualquer pessoa tem carreira, mesmo que ela não ascenda profissionalmente.

“Neste caso, a carreira está ligada a funções exercidas ao longo da vida”, diz. Assim, de acordo com a professora, tira-se o juízo de valor que envolve uma carreira.  Lógica. “O profissional de hoje é um profissional de algoritmos”, defende Giardelli. Ele diz que até o ano de 2050 deverão surgir dezenas de novas profissões alinhadas a novas tecnologias, a redes de conhecimento e que terão um perfil colaborativo e de compartilhamento. Algumas dessas novas carreiras envolvem nanotecnologia, neurociência e gerontologia.

“A dinâmica do mercado mudou. Não importa a profissão, o mundo hoje é feito de lógica. Soluções de problemas e tomada de decisões são pertinentes à lógica. O profissional precisa resolver problemas e tomar decisões”, afirma o professor Santos, que chama a atenção para o fato de o ensino acadêmico em geral não dar importância para a lógica.

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