A comunidade financeira internacional reconhece, atualmente, que tanto os processos quanto a forma de atuação dos bancos atravessam um momento de quebra de modelos - disruptura - decorrentes do surgimento de novos players no mercado
Redação
Radar do Futuro
Os bancos estão especialmente atentos aos movimentos dos mercados e de serviços inovadores, como o financiamento coletivo de projetos, o crowdfunding, que, em 2014, movimentou 16,2 bilhões de dólares em todo o mundo. Segundo o site website Entrepreneur, o valor da modalidade, filha da internet, representou um aumento de 167% em relação ao ano de 2013, quando a capitalização de ideias e empreendimentos pelo público gerou 6,1 bilhões de dólares. Além disso, a previsão para 2015 é que a soma praticamente duplique, chegando a 34.4 bilhões de dólares ao final do ano.
Mesmo que o volume de dinheiro do crowdfunding seja pouco significativo diante dos trilhões de dólares girados pelo sistema financeiro em todo o mundo, a inovação merece atenção. A inteligência do setor monitora produtos e serviços gerados por iniciativas semelhantes, com potencial para substituir os tradicionais. É uma questão de precaução. E uma conclusão possível, extraída da 18ª Pesquisa Anual de CEOs (CEO Survey), realizada com mais de 1300 executivos globais, pela consultoria PwC.
A comunidade financeira internacional reconhece, atualmente, que tanto os processos quanto a forma de atuação dos bancos atravessam um momento de quebra de modelos - disruptura - decorrentes do surgimento de novos players no mercado. Estes novos competidores, ao oferecer novos produtos e alternativas ao cliente, rompem com as práticas mais tradicionais e abrem novas perspectivas de negócios.
No cenário em que despontam também novas moedas e propostas de desintermediação entre quem detém recursos e quem precisa deles, o planejamento das companhias no setor bancário, ao longo dos próximos anos, passa a considerar o ingresso de novos competidores em atividades específicas da cadeia de negócios do sistema financeiro. Redução de custos, a partir de tecnologias e processos inovadores, tem papel predominante no cenário de transição de mercados locais e globais. “Com mais qualidade, agilidade e menor custo, serviços como crowdfunding, os novos meios de pagamento e até mesmo microcrédito, por exemplo, têm configurado uma nova realidade nas atividades bancárias, já que o usuário passa a ter mais opções”, afirma o sócio da PwC Brasil e líder da área de Financial Services, Alvaro Taiar.
O crescimento em um ambiente desafiador também segue como uma das principais prioridades na visão dos CEOs ouvidos pela firma, que também entendem como prioritários o aumento na produtividade e na capacidade de atuação na gestão regulatória e de riscos. Taiar avalia que “o crescimento de uma empresa e aumento da produtividade estão diretamente relacionados, ainda assim, para melhorar a produtividade, é preciso observar aspectos importantes sobre regulamentação (citado por 87%) e inovação (60%), que podem se tornar uma barreira, caso negligenciados”.
Como estratégia para fortalecer a inovação, ter acesso a novas tecnologias e novos clientes, mais de 40% dos executivos da área de Banking & Capital Markets afirmam perceber joint ventures, parcerias estratégicas e colaborações informais como oportunidades importantes ao crescimento do negócio.
No segmento de seguros, foram identificadas três grandes oportunidades para alavancar o crescimento: compreender o potencial da tecnologia digital, identificar as oportunidades complementares (joint ventures) e entrar em novos setores.
Como forma de atrair novos clientes, mais de 50% dos CEOs planejam realizar uma nova joint ventureou parceria estratégica nos próximos 12 meses. Neste sentido, a inovação é vista pelos CEOs da área como o principal “driver” para o crescimento do setor.
Gestão de ativos - No segmento de asset management, 28% dos CEOs consultados afirmam ter ingressado em novas indústrias nos últimos três anos, enquanto 18% disseram que planejam investir em novas áreas nos próximos anos. A maioria focou na prestação de serviços financeiros e em investimentos em real estate (adquirindo carteiras de crédito imobiliário e realizando empréstimos para empresas).
Entre os CEOs, 78% consideram as tecnologias digitais como "estrategicamente importantes" em áreas como cyber security e relacionamento com o cliente. "Até 2020, tecnologia vai se tornar crítica para o relacionamento com clientes, assim como análise de dados desses clientes, eficiência operacional e regulamentação. Ao mesmo tempo, cyber risk se tornará um dos principais temas da indústria", comenta João Santos, sócio da PwC Brasil e líder da indústria de gestão de ativos.
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