Heraldo Leite
Consultor Webmilk / Radar do Futuro
O consultor e futurista Daniel Burrus não prevê o futuro, nem tem uma bola de cristal na qual enxerga, através de rápidos insights e frases enigmáticas, o futuro. Pelo contrário. Ao longo das mais de 250 páginas de seu livro mais recente – “O Futuro com um bom negócio” – descreve um método com sete processos (veja abaixo) e conceitos que certamente vão auxiliar o leitor a desbravar incertezas e encarar o futuro sem o pânico contagiante ou o otimismo desenfreado.
Um dos grandes motes de Burrus é traçar uma divisão entre o que define de ‘Tendências Sólidas’ e ‘Tendências Frágeis’. Ou, segundo a definição do autor:
“Uma tendência sólida é uma projeção baseada em fatos, eventos e objetos mensuráveis, tangíveis e totalmente previsíveis. Uma tendência frágil é uma projeção baseada em estatísticas que têm a aparência de ser fatos tangíveis totalmente previsíveis.
Uma tendência sólida é algo que vai acontecer: um fato futuro.
Uma tendência frágil é algo que pode acontecer: um futuro talvez.”
Como exemplo, simples, didático e até divertido, Daniel Burrus conta que a título de análise fez uma projeção levando em conta que na época em que o cantor Elvis Presley morreu, em 1977, havia cerca de cem imitadores profissionais do Rei do Rock. Passados cinco anos, Burrus fez um levantamento estatístico do período entre 1977 e 1982 e projetou que pelos cálculos “rigorosamente científicos” no ano 2000 um em cada três norte-americanos seria um imitador profissional de Elvis e ganharia a vida rebolando ao som de “Jailhouse Rock”.
A partir daí, Burrus enumera erros e acertos de grandes e mega corporações, aponta caminhos e faz algumas previsões com rigor científico, mas com bons exemplos que facilitam a compreensão do leitor comum, não sem antes discorrer sobre processos históricos e sempre, sempre apostar em formas mais “humanas e solidárias” de se aproveitar a tecnologia e o conhecimento que virão nos próximos anos.
Mas engana-se quem pensa que projetar o futuro é ficar imaginando traquitanas tecnológicas e dezenas de aplicativos que vão povoar dispositivos cada vez menores ou telas holográficas bem ao estilo do filme “Minority Report”. Burrus teoriza sobre conceitos como ‘colaboração’ e ‘compartilhamento’, cada vez mais em voga hoje em dia, mas sequer arranhados em sua superfície real. Segundo o autor, três forças serão fundamentais para moldar nosso futuro: comunicação, colaboração e confiança.
Como estímulo à reflexão e à aplicação dos conceitos que apresenta no livro, ao final de cada um dos sete capítulos Daniel Burrus propõe uma série de ações que auxiliam o leitor na tomada de decisões e na mudança de atitudes.
Os sete desencadeadores:
- Comece com a certeza (utilize tendências claras para ver o que está por vir)
- Antecipe (baseie suas estratégias naquilo que você sabe sobre seu futuro)
- Transforme (utilize as mudanças conduzidas pela tecnologia em seu proveito)
- Pegue seu maior problema e ignore-o (na verdade, ele não é seu problema real)
- Parta para o oposto (olhe para onde ninguém está olhando para ver o que ninguém está vendo e fazer o que ninguém mais está fazendo)
- Redefina e reinvente (identifique e aproveite sua característica única, de maneiras novas e eficientes)
- Direcione seu futuro (ou alguém o direcionará por você)
Ficha: “O Futuro como um bom negócio – Como as percepções certas sobre o futuro determinam oportunidades únicas de negócios” Daniel Burrus com John David Mann, Editora Elsevier Campus, 279 páginas.
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