terça-feira, 15 de setembro de 2015

Acesso a informação muda a relação médico-paciente

Para especialista, profissionais de medicina devem parar de debater se o paciente deve ou não pesquisar sintomas. Isso acontece e não irá parar

Carlos Plácido Teixeira
Jornalista e Consultor de Tendências

Diante de um paciente que, ao chegar no consultório, confessa que já andou pesquisando os sintomas no Google, o médico tem pelo menos duas opções. Ou respira fundo e dá um sorriso amarelo. Ou diz para o paciente, com impaciência, que isso é muito perigoso. Conforme-se, doutor, no futuro o comportamento vai ser mais frequente ainda. Para Fernando Carbonieri, médico da Faculdade Evangélica do Paraná e diretor do site especializado Academia Médica, os profissionais da área devem começar a se preparar para novas posturas diante de situações semelhantes.

"É hora de parar de debater se o paciente deve ou não procurar seus sintomas. Isso acontece diariamente e não irá parar. Podemos dizer que a classe médica pode ser melhor servida se puder lidar com essa nova realidade", diz o especialista. Que defende uma tese capaz de manter a polêmica no ar: "É função do médico guiar seus pacientes para sites que tenham informações idôneas, revisadas por pares e baseada em evidências.

A expansão da base de usuários dos telefones inteligentes - smartphones - e tablets são a garantia de expansão do comportamento entre a população. Carbonieri ressalta que uma pesquisa de janeiro de 2013 do instituto de estudos de mercado Pew Internet e American Life Project, mostrava que 69% dos pacientes procuram na web informações sobre saúde. Mais da metade dos adultos que usam internet nos EUA procuraram informações de saúde para sí ou para outros e apenas 35 % procurou um médico para elucidar sua condição. "Impressionam esses números, não? Americanos estão se auto-diagnosticando com mais frequência do que indo ao médico para tal. Não se pode afirmar, porém, que estejam acertando no diagnóstico".

No futuro médicos e profissionais da saúde terão que abandonar a ideia de que a informação aberta a todos na internet dificulta o tratamento de pacientes. Fernando Carbonieri acredita que a hipocrisia que aparece com o "virar de olhos" e com a rotulação de pacientes de cybercondríacos ainda será um problema, principalmente se médicos continuarem atendendo seus pacientes com a crença de que eles precisam sempre ser desenganados de informações sensacionalistas pegadas na internet."

"Continue a pensar dessa forma e veja o início do seu declínio profissional", prevê o médico paranaense. Ao invés de combater, ele sugere que os profissionais recorram à rede rede para descobrir quais são os sites que possuem informação de qualidade para poder indicar ao paciente. Como um exercício de responsabilidade do médico. "Ao praticar isso você vera um maior empoderamento do paciente e, consequentemente, uma melhor resposta ao tratamento."

TENDÊNCIAS
Aumento das pesquisas, pelos pacientes, sobre sintomas de doenças
As aplicações móveis ligadas aos smartphones e tablets oferecem maior acesso a informações

DADOS
Mais de 2 bilhões de pessoas no mundo terão um smarphone em 2016
Brasil ocupa a sexta posição entre o maior número de usuários
número de usuários de telefones inteligentes chegará a 2,56 bilhões em 2018
Em 2018, os smartphones representarão 51,7% de todo o mercado móvel


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