terça-feira, 12 de abril de 2011

Excesso de informações desafia a sociedade

Reuniões profissionais ou de amigos, consultórios médicos e eventos científicos são o palco, hoje, do aumento de relatos de pessoas inquietas com a dificuldade de manter a concentração em atividades simples do cotidiano. Em um evento sobre tecnologia realizado em Belo Horizonte no começo de abril, pelo menos três palestrantes citaram problemas relacionados ao excesso de conteúdos oferecidos aos usuários dos novos meios de comunicação.

A inquietação tem origem na sobrecarga de informações -- information overload -- expressão que preocupa tanto educadores quanto gestores de empresas. "Dificuldade na tomada de decisão, redução da produtividade e mal estar são algumas das consequências imediatas do excesso de conteúdos oferecidos pela internet", assinala Sérgio Viegas, especialista, co-autor do livro "Gestão da Informação e Atenção".

A gestão da atenção integra os conceitos da economia da atenção, nova área de estudo que ganha impulso com a expansão da internet. O tema não é, necessariamente, novo, destaca Sérgio Viegas. O aumento do volume de conhecimentos começa na invenção da prensa, por Guttenberg, que possibilitou o acesso aos meios impressos.

Information Overload é uma das causas do déficit de atenção atual. Este excesso tem sido estudado e já existem técnicas para reduzir tal sobrecarga, que não apenas gera estresse. Segundo estudos científicos realizados em institutos mundiais, um profissional que interrompe a rotina para ler um email gasta em torno de 25 minutos para retornar efetivamente à tarefa.  “A combinação de ferramentas como o twitter, redes sociais, emails, alteração de páginas web, aplicativos internos e os nossos celulares acelera a interrupção das tarefas e a dispersão. "Se a atenção não vem, vamos atrás delas", assinala Sérgio Viegas.”

O especialista questiona, em especial, os efeitos do excesso de informações nos próximos anos. Em cerca de 10 anos as pessoas estarão acessando a internet em todos os momentos, de qualquer lugar e por diferentes meios. Diante do fato inevitável de que as pessoas devem se informar por estas fontes, filtros são criados, mas falham. "Embora a inteligência artificial tenha evoluido muito, daqui a uns 20 anos, atuarão como “secretárias de luxo” (mas estas falham também).
Daqui em diante, é necessário aprender, captar e usar o lema menos é mais: qualidade é melhor que quantidade.

A cultura empresarial e social terá de se adaptar para encarar a realidade. Ocorrerá aos poucos a introdução de ferramentas de apoio. Microsoft, IBM, Intel e diversas outras empresas como a Google pensam nisto e estão desenvolvendo soluções. "Mas é como o aquecimento solar, depende de cada um de nós", assinala Sérgio Viegas.

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