terça-feira, 26 de julho de 2011

Bicicletas promovem revolução à favor da qualidade de vida em grandes cidades do mundo

Foto: El País
As cidades com os melhores índices de qualidade de vida no mundo têm, em comum, a bicicleta como elemento de integração, presente na rotina de milhares de pessoas. A partir de um relatório gerado pela revista Monocle, bíblia moderna dos assuntos globais, negócios, cultura e design, o site do jornal espanhol El País publicou uma reportagem que identifica a avaliação favorável de lugares onde as bikes são mais utilizadas e respeitadas como meio de transporte. A publicação retrata um movimento urbano crescente em  todo o mundo, com dimensões suficientes para consolidar  uma "revolução das bicicletas".

Duas frentes principais carregam a energia capaz de gerar as mudanças de valores na sociedade. De um lado, movimentos espontâneos de cidadãos que, solitariamente ou em grupos, colocam em dúvida o poder do automóvel como solução para os problemas de transporte individual. Na outra ponta do processo, o impulso vem de administradores municipais, preocupados em reverter a queda da qualidade de vida em grandes centros urbanos. Os dois aspectos apontados pelo El País na Europa e nos Estados Unidos também são visíveis no Brasil. Nas noites de terças-feiras, dezenas de ciclistas se reúnem na Praça da Liberdade, região Sul de Belo Horizonte, para um passeio que cultua, entre outras coisas, a busca por alternativas saudáveis de mobilidade e de relacionamento com as pessoas no espaço urbano. O Ruts, sigla do "Rolé Urbano das Terças", é apenas um entre inúmeros exemplos de iniciativas semelhantes. Além disso, também em Belo Horizonte e outras cidades brasileiras, as prefeituras criam projetos de implantação de ciclovias.

Boris Johnson circula por Londres
Foto: Rex Features - The Guardian
Em Londres, o prefeito, Boris Johnson, vai além da apologia à bicicleta e da divulgação de planos para a implantação de ciclovias. Enquanto no Brasil qualquer chefe de gabinete das administrações municipais, estaduais e federais circula de casa para o trabalho e vice versa de carro preto com chofer, o responsável pela capital do império britânico, uma das maiores metrópoles do mundo, anda de bicicleta. E acumula histórias, como o relato de que, como um ciclista comum entre os mortais, passando à noite pelo bairro de Camden, salvou uma uma mulher da fúria de um grupo de jovens.

Segundo o El País, Boris Johnson produziu  o documento "Revolução Ciclística em Londres", em que define metas para 2026. Em meados da próxima década, a cidade deverá ser um lugar onde as pessoas podem andar de bicicleta com segurança, de forma fácil e divertida. O texto reconhece que a viabilização requer mudanças físicas e culturais, investimentos, apoio das lideranças políticas e acordos sólidos. Para o presidente da Fundação de Mobilidade de Madri, Antonio Lucio, o prefeito de Londres tem o mérito de acreditar que as cidades grandes podem ser um lugar com boas condições para os moradores e visitantes. Johnson pretende romper com a ideia de que a baixa qualidade de vida em cidades grandes é o preço que se paga para ter acesso a uma vida dinâmica, cheias de alternativas de trabalho e lazer e de criatividade.

A matéria de El País percorre outras cidades da Europa e dos Estados Unidos e reforça o caráter global do movimento. Segundo a publicação, na Espanha, a situação é, no mínimo curiosa, com as principais capitais de províncias vivendo o fenômeno com intensidade. "Há uma mistura de necessidade, contágio, moda e marketing", reconhecem os autores da reportagem. Mas mesmo uma cidade como Nova Iorque, vitrine dos Estados Unidos, país que cultua o automóvel acima de todas as coisas, alguma mobilização já se registra.

Carlos Plácido Teixeira

Leia a matéria do El País

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários