Foto: El País |
Duas frentes principais carregam a energia capaz de gerar as mudanças de valores na sociedade. De um lado, movimentos espontâneos de cidadãos que, solitariamente ou em grupos, colocam em dúvida o poder do automóvel como solução para os problemas de transporte individual. Na outra ponta do processo, o impulso vem de administradores municipais, preocupados em reverter a queda da qualidade de vida em grandes centros urbanos. Os dois aspectos apontados pelo El País na Europa e nos Estados Unidos também são visíveis no Brasil. Nas noites de terças-feiras, dezenas de ciclistas se reúnem na Praça da Liberdade, região Sul de Belo Horizonte, para um passeio que cultua, entre outras coisas, a busca por alternativas saudáveis de mobilidade e de relacionamento com as pessoas no espaço urbano. O Ruts, sigla do "Rolé Urbano das Terças", é apenas um entre inúmeros exemplos de iniciativas semelhantes. Além disso, também em Belo Horizonte e outras cidades brasileiras, as prefeituras criam projetos de implantação de ciclovias.
Boris Johnson circula por Londres Foto: Rex Features - The Guardian |
Segundo o El País, Boris Johnson produziu o documento "Revolução Ciclística em Londres", em que define metas para 2026. Em meados da próxima década, a cidade deverá ser um lugar onde as pessoas podem andar de bicicleta com segurança, de forma fácil e divertida. O texto reconhece que a viabilização requer mudanças físicas e culturais, investimentos, apoio das lideranças políticas e acordos sólidos. Para o presidente da Fundação de Mobilidade de Madri, Antonio Lucio, o prefeito de Londres tem o mérito de acreditar que as cidades grandes podem ser um lugar com boas condições para os moradores e visitantes. Johnson pretende romper com a ideia de que a baixa qualidade de vida em cidades grandes é o preço que se paga para ter acesso a uma vida dinâmica, cheias de alternativas de trabalho e lazer e de criatividade.
A matéria de El País percorre outras cidades da Europa e dos Estados Unidos e reforça o caráter global do movimento. Segundo a publicação, na Espanha, a situação é, no mínimo curiosa, com as principais capitais de províncias vivendo o fenômeno com intensidade. "Há uma mistura de necessidade, contágio, moda e marketing", reconhecem os autores da reportagem. Mas mesmo uma cidade como Nova Iorque, vitrine dos Estados Unidos, país que cultua o automóvel acima de todas as coisas, alguma mobilização já se registra.
Carlos Plácido Teixeira
Leia a matéria do El País
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