O Brasil deve avançar na consolidação de potência agrícola nos próximos dez anos e disputar a liderança na produção de alimentos com os Estados Unidos, segundo o estudo Projeções do Agronegócio 2010/11-2020/2021, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), .
De acordo com o estudo, produtos agrícolas de alto consumo interno e já constantes da pauta de exportação brasileira tendem a ter aumento de produção, sobretudo por avanço tecnológico, e ganhar mais mercado.
A produção do algodão deve crescer 47,8% nos próximos anos e a exportação do produto (sem as barreiras comerciais americanas) em mais de 68%. O café terá aumento de produção em mais de 24% e a venda para o comércio exterior crescerá em quase 46%. Já a produção de soja subirá em cerca de 36% e a exportação em 39%.
“Os números são conservadores”, disse o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ao afirmar que a projeção feita pelos técnicos do Mapa e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se baseou em resultados medianos.
De acordo com ele, a demanda por alimento está em expansão nos mercados interno e externo e os preços dos produtos agrícolas estão em ascendência, o que estimula a produção. “Isso não é uma situação circunstancial.”
O ministério avalia que o país manterá a dianteira na produção da carne de frango e carne bovina, e incrementará a produção de carne suína. No total, o país passará da produção atual de 24,6 milhões de toneladas de carne para 31,2 milhões de toneladas na temporada 2020/21 (crescimento de 36,5%).
Alguns produtos como leite e milho – cadeias produtivas nas quais Brasil não é líder de vendas - terão incremento significativo nas exportações. A venda de leite deverá crescer 50,5% (atingindo 300 milhões de litros) e a comercialização do milho crescerá em 56,5% (alcançado 14,3 milhões de toneladas).
Se o cenário se confirmar, o Brasil terá 12% do mercado de milho; 33,2% do mercado de grão de soja; 49% da participação da carne de frango; 30,1% da carne bovina e 12% da carne suína.
O crescimento das exportações será acompanhado da expansão do consumo interno, que continuará sendo o principal destino da produção: 85,4% do milho; 83% da carne bovina; 81% da carne suína; 67% da carne de frango; e 64,7% da soja.
Além de mais produção e mais vendas, o Mapa avalia que o país terá uma nova fronteira agrícola – batizada como Matopiba (formada pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e pela Bahia). Essas áreas estão atraindo novas lavouras porque têm terras mais baratas que a Região Centro-Oeste e poderão aumentar a produção de algodão, frango, carne bovina e soja; além de celulose e papel.
O cenário otimista do Mapa poderá ser contrariado, no entanto, se houver nova recessão internacional, se as áreas agrícolas foram afetadas por problemas climáticos, ou se houver aumento de protecionismo, diz o coordenador do estudo, José Garcia Gasques.
Avicultura
De acordo com o estudo “Brasil – Projeções do Agronegócio – 2010/2011 a 2020/2021”, da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura, a produção brasileira de carne de frango – que em 2011 pode chegar aos 12,8 milhões de toneladas – tende a iniciar a próxima década (2021) com um volume próximo dos 16 milhões de toneladas.
Na avaliação da AGE, nestes próximos 10 anos a produção de carne de frango tende a se expandir a uma média de 2,6% ao ano, índice superior aos previstos para as carnes bovina e suína, cujas expansões devem girar em torno de 2,2% e 1,9% ao ano, respectivamente.
Sem dúvida é estimulante saber que o melhor índice de expansão continua com a carne de frango. Porém, há um detalhe aí que não pode ser ignorado: o índice de expansão anual indicado pelo MAPA é bem mais comedido que aquele que vem sendo observado na prática.
Assim, por exemplo, nos cinco primeiros meses de 2011 a produção de carne de frango registra aumento de mais de 7% sobre idêntico período de 2010. Um índice que, mantido no restante do ano, vai redundar em uma produção superior a 13 milhões de toneladas do produto – volume quase 100% superior ao registrado há 10 anos e que equivale a uma expansão média anual também superior a 7%.
Vale notar, aqui, que as projeções do MAPA sobre a tendência da produção de carnes no Brasil não difere muito das projeções efetuadas por organismos internacionais (como FAO e OCDE) sobre a tendência da produção de carnes no mundo. Ou seja: o caminhar mais comedido não é particularidade nossa, é tendência mundial – porque o mundo inteiro continua em crise. E quem ignorar essa realidade tende apenas a quebrar a cara.
Repórter da Agência BrasilEdição: João Carlos Rodrigues
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