terça-feira, 28 de junho de 2011

Jardinagem urbana ganha espaço em cidades da Alemanha

Especialistas de diferentes áreas, de jardineiros a urbanistas, dedicam neurônios e tempo, na Alemanha, na tentativa de entender o fenômeno da "jardinagem urbana", uma tendência que leva as pessoas a plantarem flores e gramas em qualquer espaço com terra disponível no ambiente das cidades. Segundo matéria publicada pela versão em português do site Deutsche Welle, donos de alguns restaurantes colocam tantos vasos diate de seus estabelecimentos que chegam a parecer floriculturas.
O debate sobre significados ganha teses literárias e transita entre hipóteses. Para alguns, é a resistência ao neoliberalismo e ao estilo de consumo da vida atual. Para Bert Beitmann, especialista em jardinagem na Alemanha, a "urban gardening" é um estilo de vida e está ligada a dois fatores. "Os jovens buscam mais natureza e a utilizam como meio de comunicação." Segundo Beitmann, isso seria uma resposta a uma necessidade inconsciente. "Em nossa civilização, estamos submetidos a uma série de estímulos e, por isso, ficamos doentes com frequência. Os mais jovens são muito mais sensíveis a isso."

O texto do site ressalta que a tendência reflete a busca pela natureza, um fenômeno registrável na Alemanha e em outros cantos do mundo. Mas com traços próprios, na percepção alemã. Os protagonistas atuais são  pessoas jovens, com necessidades e experiências diferentes de outras gerações. Se em 1990 as pessoas se encontravam em clubes underground ilegais para se sentirem livres da opressão comercial, hoje se busca o bem-estar entre hortas e jardins.

Ainda não existem estudos científicos sobre a "urban gardening", mas o interesse pela tendência é grande. O Instituto de Urbanismo organizou recentemente uma conferência para discutir o tema. O encontro previu que, em breve, o assunto seja também discutido pelas autoridades, para responder à pergunta: como lidar com a proliferação do verde no meio da cidade? Mas o especialista em jardinagem Bert Beitmann tem dúvidas sobre o tato que os políticos têm para o assunto.
 
A jardinagem na Alemanha move-se entre dois polos. De um lado, domina o planejamento técnico-científico de espaços abertos. Paralelamente, há o marginalizado paisagismo tradicional, que trabalha num âmbito romântico-estético e emocional. "Não consigo imaginar que funcionários públicos possam se envolver sentimentalmente em qualquer atividade", diz Beitmann. Ele pleiteia que o paisagismo ganhe espaço novamente, pois talvez assim os parques e jardins públicos voltem a ser apreciados e a busca por outras áreas verdes diminua.


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