quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Como a tecnologia impactará a força de trabalho até 2020

Relações de trabalho serão caracterizadas pela presença crescente de freelancer e de trabalhadores remotos, segundo estudo sobre o cenário de 2020 da empresa de tecnologia Citrix.



Carlos Plácido Teixeira
Consultor de Tendências - Editor do site Radar do Futuro

A produção sem vínculos formais com contratantes, os freelancers, e a atividade remota são as duas das principais forças de transformação do mercado de trabalho, na visão de um estudo desenvolvido pela multinacional de tecnologia Citrix. O documento "Landscape 2020" aponta as principais tendências que irão modificar profundamente o trabalho na próxima década. As mudanças das relações de trabalho refletirão os impactos das inovações sobre a vida pessoal, a maneira de trabalhar e a interação das pessoas com os objetos e lugares.

"Essas modificações vão além das ferramentas ou dispositivos utilizados para facilitar as tarefas, já que criam novos valores e comportamentos e inspiram tendências que se tornarão padrões em um curto espaço de tempo", atesta Luis Banhara, diretor geral da Citrix no Brasil. Ele pondera que o trabalho freelancer está em grande expansão no mundo. No Brasil, um levantamento do site Freelancer registrou crescimento de 17 mil usuários cadastrados em 2012 para 235 mil em 2015. Mundialmente, a empresa possui 15 milhões de profissionais cadastrados.

O estudo da Citrix avalia superficialmente os efeitos do desemprego crescente, que deixa a metade dos jovens espanhois e gregos sem trabalho hoje. Ao contrário, demonstra otimismo ao reforçar a tese de que a tecnologia tem criado oportunidades que compensam as atividades afetadas pelas inovações que desembarcam nos mercados.

Impactos

Para Luis Banhara, um dos motivos das mudanças do ambiente futuro de produção é a necessidade dos profissionais terem mais controle sobre o próprio tempo, poder escolher onde, como e para quem trabalhar e elevar os rendimentos ao atender várias empresas simultaneamente, principalmente os profissionais das gerações X e Y que sempre buscam novos desafios e são mais inclinados a usar a criatividade para montar seu próprio negócio.

Além da liberdade profissional, a facilidade para abrir uma empresa pelo programa Microempreendedor Individual (MEI), além da queda na oferta de empregos frente à situação econômica atual, têm impulsionado o movimento de freelancers. "Embora possa parecer controverso, esse aumento pode ser muito benéfico para a economia do País, pois incentiva o empreendedorismo e mantém o poder de compra de quem não possui um emprego tradicional, seja por falta de oportunidade ou por opção. As empresas são beneficiadas com a redução de encargos e mais agilidade e flexibilidade para contratar os talentos que desejam em qualquer lugar do mundo", avalia Banhara.

Segundo o levantamento da Citrix, em 2020, metade da força de trabalho será remota e dentro dos padrões legais, como já vem ocorrendo no Reino Unido. A tecnologia permite que isso ocorra tranquilamente, desde que sejam implementados com todos os critérios de segurança. O estudo da Citrix também cita que, mundialmente, 43% dos trabalhadores gostariam de ter mais flexibilidade no trabalho e muitas grandes empresas já possuem políticas de home office. Esta opção é muito benéfica principalmente nas grandes cidades onde a locomoção é extremamente morosa e cansativa.

No Brasil, uma pesquisa da PwC em parceria com a FGV aponta que um dos maiores desejos dos empregados é ter formas alternativas para trabalhar, ao lado de melhores remunerações e programa de promoções por mérito. 64% das empresas entrevistadas desejam oferecer o trabalho remoto, mas não o fazem por receio de problemas legais. A lei 12.551/2011, assegura os mesmos direitos trabalhistas aos empregados que realizam o trabalho remoto. Entretanto, o temor das empresas está nos limites entre uso pessoal e profissional, como determinar se realmente houve trabalho extra e em caso de acidentes de trabalho.

"Soluções de mobilidade corporativa podem ajudar neste processo, possibilitando o acesso seguro aos dados da empresa a partir de qualquer rede e dispositivo, além de possuir mecanismos de controle que permitam diferenciar o acesso de dados pessoais e profissionais de forma que os empregadores possam avaliar o tempo dedicado ao trabalho, definindo a existência ou não de horas extras", atesta o presidente da Citrix no Brasil. Embora bastante revolucionária em alguns momentos, a evolução tecnológica é um processo sem retorno. "Cabe aos profissionais e às empresas se adaptarem e aproveitarem os novos recursos e as mudanças de forma positiva. A maneira de utilizá-la determinará o retorno deste investimento", assinala o executivo.


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