sábado, 5 de setembro de 2015

Competição de robôs em ambiente de mudanças

Engajados na visão da crise econômica no Brasil, a maior parte da sociedade brasileira toma pouco ou nenhum  conhecimento sobre acontecimentos positivos que ocorrem por vários cantos do País. Há mudanças promovidas pelas tecnologias. E muito mais, incluindo a presença crescente de mulheres em cursos de engenharia.

Carlos Plácido Teixeira
Jornalista e consultor de tendências

A existência de uma outra realidade, focada na busca pela inovação, que prepara saltos de oportunidades para o futuro, é visível em eventos como a 2ª Competição de Robôs Autônomos, realizada entre os dias dois e quatro de setembro na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais.Em tese, uma disputa entre grupos de estudantes dos primeiros períodos de engenharia e de cursos técnicos.

Jovens interessados em colocar pequenos robôs sobre rodas. Equipamentos de, no máximo, 900 gramas, que seguem por uma pista, que lembra um autorama. Os protótipos cumprem tarefas baseadas em inteligência artificial e sensoreamento. Tudo pode ser definido, superficialmente, como um exercício de estudantes envolvidos na chance de encontrar sentido prático para os conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Mas há mais que isso, reconhece a estudante do 5ª período de engenharia elétrica, Talita Caixeta, uma das coordenadoras do evento e integrante do Programa de Educação Tutorial da faculdade. Além de uma prática iniciante, há um primeiro passo na direção das descobertas oferecidas pelo ambiente de inovação, disponível nas universidades.

"Não faltam projetos interessantes nas escolas de engenharia", diz Talita. Ideias inovadoras em bioengenharia e microeletrônica, produtos como "cadeiras pensantes", estão em desenvolvimento, sem o destaque que deveriam merecer. Mesmo com todas as dificuldades do cenário econômico, há projetos e gente energizada para aproveitar o momento propiciado pelo ambinete de inovações.

A competição reflete, também, como parte das mudanças do cenário interno, inserido no ambiente global, a tendência de consolidação da presença feminina em mercados tidos como masculinos. O machismo que ainda impera nas empresas não consegue afastar novas gerações de mulheres, como as estudantes Julina Buere e Luisa Guimarães. Elas são um outro sinal da transformação silenciosa, a ser melhor percebida pela sociedade.

As duas estudantes integraram um dos grupos da disputa de robôs autônomos, em que os impulsos para a inovação são mais importantes do que a vitória nas pistas. Elas têm papel estratégico no processo de transformação da sociedade. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (Inep) contabiliza avanços da participação feminina. Segundo o órgão do governo federal, nos últimos dez anos houve um aumento de cerca de 54% no número de mulheres brasileiras que se formaram em engenharia eletrônica, 45% nas formadas em engenharia de produção e 30% em engenharia química e engenharia civil.

É um passo, ainda, de um caminho a ser seguido. A parcela de mulheres nas chamadas ‘ciências duras’ ainda está longe de se equiparar à de homens. Se, nas ciências em geral, as mulheres já são 50% dos pesquisadores em atividade no Brasil, nas áreas de exatas são apenas 30% e, nas engenharias, 26%, de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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