A tendência de alta dos preços do algodão deve se estender até 2012, um ano além do previsto pelo mercado. O aumento da demanda e a quebra das safras em importantes produtores mundiais fez o mercado revisar a previsão de estabilidade nos preços.
Segundo estimativas dos participantes do Congresso da Federação Internacional de Fabricantes Têxteis, realizado em São Paulo, o preço da libra tende a estabilizar em US$ 0,96. Em Nova York, os preços negociados na última semana alcançaram o maior valor desde que a commodity começou a ser negociada na bolsa americana, há 140 anos.
Haroldo Cunha, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), diz que é esperado um aumento de 40% na produção da fibra na safra de 2011. Em 2010, o país perdeu 200 mil toneladas por conta do clima instável.
Segundo Cunha, a previsão é de cultivo de 1,1 milhão de hectares no ano que vem e de colheita de 1,5 milhão de toneladas.
Em 2010, o país deve dar início à importação de 250 mil toneladas de algodão dos EUA para suprir a quebra da safra nacional. O governo federal zerou a taxa de importação, que era de 10%, de setembro até março de 2011.
Andrew Macdonald, assessor internacional da Abrapa, avalia que o volume deverá ser suficiente para suprir a indústria nacional este ano. Com o aumento de 400 mil toneladas previsto para a safra de 2011, o Brasil poderá voltar a sustar as importações do algodão americano.
Para Mcdonald, a retomada da demanda internacional no pós-crise, mais acentuada do que o previsto, influenciou a alta. Além disso, o algodão vem perdendo espaço nas lavouras para culturas como a soja, que tem custo de produção mais baixo e acesso mais facilitado ao crédito, diz o especialista.
Além disso, o Brasil ainda está muito atrasado em relação a outros países em uso de tecnologias de ganho de produtividade. "Estamos com dez anos de atraso. Enquanto 90% das áreas cultivadas na Índia usam sementes transgênicas, aqui são 50% com o agravante de ser com variedades mais atrasadas tecnologicamente do que em outros países, diz Mcdonald.
"Por mais que aumente a área plantada e a produtividade, a tendência é que o algodão se torne uma fibra cada vez mais nobre", opina Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de Blumenau (Sintex).
Segundo Kuhn, apenas 36% do consumo mundial de fibras hoje é de algodão. As fibras sintéticas já respondem pelo maior volume.
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