quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nanotecnologia requer pesquisa sobre riscos

É necessário que se invista em pesquisas em nanotoxicologia, isto é, nos riscos que os nanomateriais (produtos que medem apenas bilionésimos de centímetro) podem oferecer, alerta pesquisador.
Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

A nanotecnologia, que trabalha com o desenvolvimento de produtos microscópicos, trouxe avanços científicos para áreas como a saúde e a indústria, mas também pode trazer riscos para as pessoas e o meio ambiente. Por isso, é necessário que se invista em pesquisas na chamada nanotoxicologia, isto é, nos riscos que os nanomateriais (produtos que medem apenas bilionésimos de centímetro) podem oferecer.

O alerta é do pesquisador em Nanotecnologias, Saúde e Ambiente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) William Waissmann. “É preciso avaliar os riscos potenciais, os impactos, imaginando que esses riscos não são só para pessoas, mas também para o meio ambiente. O que vai acontecer quando aquilo entrar em desuso, quando se transformar em lixo? É absolutamente fundamental [avaliar os riscos]”, disse.

Segundo o pesquisador, nos países desenvolvidos, por exemplo, o volume de financiamentos para o desenvolvimento de novos nanomateriais é até 40 vezes maior do que o montante de recursos destinados a pesquisas sobre o risco desses produtos.

Os materiais, ao serem manipulados para o uso na nanotecnologia, podem ter suas propriedades físicas alteradas. E isso gera dúvidas sobre os riscos que determinados nanomateriais podem oferecer, por exemplo, à pele e ao pulmão dos seres humanos, ou ao meio ambiente. “O chumbo, por exemplo, foi usado durante todo o século 20 e só se percebeu o seu impacto depois de muito tempo”, exemplificou Waissmann.

Apesar dos possíveis riscos que algumas substâncias podem oferecer, o pesquisador acredita que a nanotecnologia possa trazer muitos benefícios. Por isso, segundo ele, é necessário que, no Brasil, pesquisadores, governo e empresários discutam, juntos, a regulação do setor, o financiamento de estudos e a aplicação prática das pesquisas.

Waissmann explicou que, desde 2001, o Ministério da Ciência e Tecnologia financia pesquisas em nanotecnologia no país. Segundo ele, hoje o Brasil tem um número considerável de pesquisadores atuando em áreas como nanofármacos (medicamentos) e nanocosméticos.

No país, por exemplo, já há pesquisas avançadas sobre o uso de nanotecnologia no tratamento de câncer de pele não melanoma (tipo menos grave). “Isso seria extremamente útil para o uso no Sistema Único de Saúde [SUS], por dois motivos: para o paciente, ele é de muito pouco risco, e o preço do procedimento não é alto.”

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